Artigo | Sandro Stedile Angeli*
Imagem: Pexels/Divulgação
No decorrer dos tempos, temos nos deparado com dificuldades na contratação de uma mão de obra qualificada. O mercado, mesmo volátil, tem crescido constantemente, resultando em novas vagas de emprego.
O número de vagas em nossa Região é relevante, e sabemos que o desemprego é alto. E por que essa “conta” não fecha, já que nossas empresas possuem vagas em aberto?
O ponto principal é que o perfil dos candidatos que buscam preencher essas oportunidades, muitas vezes, é insuficiente, e as contratações ocorrem por necessidade de se ter um profissional exercendo a atividade, mesmo que seja com capacidade inferior à desejada. Consequência disso, é a alta rotatividade nas empresas: ou por que os profissionais não se adaptam ao trabalho, ou por que recebem uma oferta melhor de outra empresa, ou por que a empresa não suporta mais a permanência dele.
Digamos que muitas vezes os RHs se deparam numa encruzilhada entre preencher as vagas com o que o mercado oferece ou deixar de produzir por não encontrar o profissional ideal.
Inúmeras ações estão sendo feitas por entidades representativas, como CIC, SIMECS, ARH Serrana, AANERGS, Sindicatos Patronais e dos Trabalhadores de diversos setores, além do Sistema S e do setor público, no que se refere a disponibilizar ferramentas para qualificação das pessoas. Oportunidade de cursos gratuitos, via entidades sociais ou privadas, são oferecidas constantemente, seja presencial ou via EAD. Não é por falta de opções, mas percebemos que algumas pessoas não querem ter esse esforço para se diferenciar.
A aprendizagem torna-se uma alternativa importante, a fim de que as empresas possam “moldar” os futuros profissionais. As novas gerações querem “surfar” nas oportunidades que aparecem sem ter a responsabilidade que os mais antigos tinham e têm. Difícil encontrar jovens que queiram formar carreira em uma empresa. Muitos buscam oportunidades que ofereçam uma flexibilidade de horários, tenham uma boa renda e que possam estar trabalhando de qualquer lugar. Intimidam-se perante às pressões, à busca por metas e pelo plano normal de crescimento de qualquer empresa. As empresas constantemente buscam se adaptar a esse novo perfil de profissional, mas ainda temos inúmeras atividades que são tradicionais e que requerem qualificação técnica.
Atualmente não vemos mais profissionais que querem trabalhar como soldador, laminador, fresador, jateador, entre outros, pois são atividades pesadas, mas cruciais para processos fabris. Não vejo um jovem querer seguir carreira nessas atividades. Ou a empresa busca a robotização ou terá dificuldades de encontrar mão de obra qualificada para algumas atividades.
Devemos continuar com essa linha de pensamento, ou seja, oportunizar aos profissionais alternativas de treinamentos e acreditar que as pessoas vão se conscientizar da importância de se qualificar, a fim de buscarem oportunidades interessantes e que façam deles, pessoas felizes e realizadas profissionalmente. Buscar o equilíbrio entre as necessidades das empresas com os desejos dos profissionais continua sendo o grande desafio.
*Coordenador da Diretoria de Competências CIC Caxias